O Advento
da Modernidade
Neste capítulo apresentaremos
uma visão genérica sobre um período da história da Europa Ocidental
conhecimento como a Idade Moderna. Não pretendemos esgotar o tema, mas
apresentar alguns fatos importantes que nos permitam, posteriormente, iniciar
a discussão sobre a colonização portuguesa no Novo Mundo. Discutiremos,
portanto, o período transcorrido entre os séculos XV e XVI na Península
Ibérica, buscando entender o universo cultural, político ,
social e econômico, ou, em outras palavras, entender como viviam, pensavam e
se organizavam os homens daquela época.
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O
início da Idade Moderna (século XV e XVI) é marcado por um forte
desenvolvimento cultural - comumente chamado de Renascimento -, cujas raízes
encontram-se nas novas condições econômicas e sociais da Europa no período. O
desenvolvimento da burguesia e do comércio nas cidades foi um importante
elemento propulsor da produção intelectual. A rica burguesia visava a sua
autopromoção e através do mecenato financiava vários artistas e intelectuais.
Outro elemento importante que contribuiu
para o Renascimento foi o Humanista. Preocupados com a introdução de novas
ciências nos currículos das universidades, tais como História, a Filosofia, o
estudo de línguas e a Matemática, os humanistas resgatam valores da Antigüidade
Clássica (greco-romana) e propuseram uma reflexão sobre as condições sociais
em que viviam, a partir de uma nova visão de ser humano: uma visão
antropocentrista, individualista, racional e impulsionadora do progresso.
O
local em que se iniciou o movimento cultural foi a
Itália, onde a exclusividade do comércio de especiarias do Oriente
proporcionou um grande enriquecimento de algumas cidades. Em seguida, o
Renascimento espalhou-se por várias Regiões da Europa, acompanhando o avanço
mercantil e influenciando os setores artísticos, literários e científicos com
técnicas inovadoras. A ciência procurava explicar o mundo através de novas
teorias, contrapondo-se às interpretações religiosas do período feudal.
Todo esse desenvolvimento cultural, no entanto,
deve ser relativizado, uma vez que o Renascimento foi um movimento elitista.
Naquele tempo a convivência entre a ciência e a superstição ainda era muito
perceptível. Segundo a historiadora Laura de Melo e Souza (...)
"enquanto as elites redescobriam Aristóteles ou discutiam Plantão na
Academia Florentina, a quase totalidade da população européia continuava
analfabeta (...)".
A mentalidade supersticiosa pode ser
verificada nos diversos relatos sobre o cotidiano dos Homens europeus da
época, nos quais comumente apareciam monstros e seres imaginários como os
citados nas cartas dos primeiros viajantes e nos diversos mapas dos catálogos
do final do século XV e começo do século XVI.
Ainda
assim, podemos afirmar que o Renascimento Cultural, somado ao Renascimento
Comercial, ao Renascimento Urbano e ao surgimento dos Estados Nacionais,
contribuiu para a afirmação dos valores da burguesia em ascensão.
Quanto mais fortalecida a burguesia de
uma região, maior tornava-se o interesse pela criação de unidades fiscais,
monetárias e de mercados. Esse mesmo interesse levou à criação dos Estados
Nacionais Modernos.
MECENATO foi o nome dado à prática de
financiamento de artistas, filósofos e estudiosos em geral por ricos
burgueses, os mecenas. O termo originou-se do nome de um estadista romano
chamado Mecenas (60 a .C. - 8 d.C), protetor de
artistas e homens de letras.
ANTROPOCENTRISMO é o nome dado as sistema ideológico que
considera o homem como centro ou medica do universo, sendo-lhe, por isso,
destinadas todas as coisas.
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O Estado Nacional Moderno
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Com
o enfraquecimento da nobreza feudal tornou-se viável a associação entre
monarcas - nobres de maior prestígio regional - e setores da burguesia. A
troca de benefícios econômicos de um lado e de benesses políticas de outro
fortaleceu os laços de dependência mútua entre a nobreza e a burguesia.
Os monarcas buscaram cada vez mais a
centralização política como forma de diminuir as restrições feudais. Isso
implicava a retirada de poder dos senhores feudais por
mecanismos violentos em alguns casos, e na maioria das vezes, por concessões
de privilégios à nobreza, tais como sua admissão na vida das cortes e
a cessão de cargos públicos bem remunerados.
Com o acirramento da crise feudal, um
número cada vez maior de nobres submetia-se a essa situação fortalecendo
ainda mais os monarcas. A centralização viabilizava os interesses burgueses,
e o aumento dos lucros mercantis, por sua vez, significava mais impostos para
o monarca, que ampliava assim sua capacidade de negociação com a nobreza.
"A unificação política significava
também a unificação das moedas e dos impostos, das leis e normas, pesos e
medidas, fronteiras e aduanas. Significa a pacificação das guerras feudais e
a eliminação do banditismo das estradas. Com a grande expansão do comércio, a
monarquia nacional criaria a condição política indispensável à definição dos
mercados nacionais (...)" (N. Sevcenko) unidos em interesses, corte,
burguesia e monarca definiam o Estado Nacional Moderno: nobiliárquico,
mercantil e absoluto.
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